Bolsa de iniciação científica incentiva estudantes a permanecerem na universidade

17/07/2017 10:00

A estudante de psicologia Larissa Paraventi decidiu, na terceira fase da graduação, ingressar em uma pesquisa de iniciação científica. No início, ela estava curiosa sobre onde estaria o papel da pesquisa na área parental dentro da psicologia. Em conjunto com outros estudantes da graduação e da pós, entrou para o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Infantil (NEPeDI), participando da Iniciação Científica por três anos. Em 2016, entregou o seu último projeto de iniciação científica dentro do NEPeDI: “Relação entre personalidade paterna e mediação materna no envolvimento do pai com filhos pré-escolares”. Agora, Larissa faz parte do mestrado e continua as pesquisas dentro do Núcleo de Estudos na Psicologia.

O professor e tutor no projeto, Mauro Luís Vieira, explica que o mestrado e a continuação na academia são o caminho de muitos estudantes que já passaram pelo Programa Institucional de Bolsas em Pesquisa Científica (PIBIC). Essa foi a bolsa que Larissa recebeu durante a sua graduação e é uma das que são administradas pelo Programa Institucional de Iniciação Científica e tecnológica – PIICT. A administração do programa ocorre dentro da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFSC (PROPESQ), local responsável por disseminar a pesquisa dentro da universidade.

“O PIBIC fez muita diferença na minha trajetória acadêmica”, afirma Larissa que, durante sua bolsa de pesquisa, esteve em contato com estudantes de mestrado e doutorado, o que a possibilitou conhecer o outro lado da academia. “É bem legal ter feito parte da pesquisa que desenvolvemos no NEPeDI. No final eu percebi o quão grande foi todo o projeto.” O professor Mauro Luís Vieira reforça que a participação de alunos da UFSC na iniciação científica existe graças às bolsas distribuídas pelo PIICT.

A história de Larissa reflete a realidade dos mais de 11 mil estudantes de graduação que passaram pelo PIICT na UFSC nos últimos 20 anos. De acordo com o mapeamento realizado por Airton Costa, entre 1990 e 2012, mais de seis mil estudantes participaram da iniciação científica na graduação. O número de bolsistas do gênero feminino foi maior que o masculino no período estudado e, enquanto eles se concentraram em engenharias, as mulheres atuaram em diferentes áreas, tanto engenharia como saúde, biológicas, humanas, exatas e da terra.

Para ter contato com pesquisas sobre o desenvolvimento infantil, Larissa se interessou no NEPeDI, “Antes eu tinha um estágio no NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil) e já tinha um interesse por crianças”. Ela conta que por estar no início da graduação não tinha muita noção do que era a área de pesquisa dentro da psicologia. Após a abertura de bolsa para participar do núcleo de estudos, ela decidiu se candidatar ao ver que o tema tinha relação com seus interesses.

Antes da finalização do projeto, Larissa participou de outras pesquisas dentro do NEPeDI. Por causa de um dos primeiros trabalhos que participou no Núcleo, em conjunto com outros integrantes, publicou um artigo em 2017 na revista científica Psico, da PUC do Rio Grande do Sul: “A percepção de pessoas sem filhos sobre a função paterna de abertura mundo”. O tema principal era o desenvolvimento do projeto de pesquisa e o artigo é uma atividade que qualquer aluno dentro da pesquisa pode opinar e contribuir. O professor coordena e todos produzem em conjunto. A pesquisa sobre o envolvimento paterno foi desenvolvida pela Larissa e relaciona a mediação materna na relação entre pai e filho e a personalidade do pai. Após um ano e meio de coleta de dados, em entrevistas com famílias de diferentes classes sociais, concluiu o relatório do PIBIC em 2016 e exibiu o vídeo final no Seminário de Iniciação Científica do PIICT. Assista ao vídeo abaixo:

Segundo Larissa, “O objetivo da pesquisa era explorar o envolvimento paterno na relação familiar, a partir da caracterização da relação entre a personalidade paterna e o gatekeeping materno”. A pesquisa está além da definição de conceitos e quantidades em resultados, pois, segundo o professor Mauro Luís Vieira, a importância é observar este comportamento.

A partir das hipóteses iniciais, a equipe entrevistou 163 famílias com crianças de quatro a seis anos. Larissa relata que eles “tinham a hipótese de que quanto mais o pai fosse aberto a novas experiências menor seria a crença materna de que o trabalho doméstico é sua responsabilidade”. Esse foi um dos parâmetros da pesquisa que não foi confirmado.

A amabilidade também é uma das dimensões da personalidade do pai, a qual os pesquisadores relacionam com a mediação da mãe. Essa característica remete a ser empático, perceber as necessidades das outras pessoas, dar atenção a pequenas conquistas. Segundo a pesquisa de Larissa, “Quanto mais amabilidade do parceiro, mais a mulher se identifica como mãe ao realizar as tarefas domésticas”. De acordo com o professor Mauro Luís, essa é uma das variáveis que acompanha o fenômeno complexo da pesquisa, cujo resultado não é objetivo, mas apresenta características pessoais que influenciam o envolvimento familiar.

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Linda Inês Pereira
Comunicação Pró-reitoria de Pesquisa UFSC