Conheça o Laboratório da UFSC que realiza pesquisas inovadoras relacionadas ao diabetes

16/11/2017 10:24

O Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas (LIDoC), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é coordenado pelos professores e pesquisadores, Alex Rafacho e Everson A. Nunes, do Departamento de Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências Biológicas (CCB). O laboratório tem o objetivo de compreender alterações na tolerância à glicose e na sensibilidade à insulina por meio de pesquisas pré-clínicas e clínicas.

O LIDoC começou em 2011 a partir do ingresso de três docentes. Os trabalhos possuíam pontos em comum e, desde o início, surgiu a ideia de unir os pesquisadores para um único espaço. Nos dois primeiros anos o trio desenvolveu trabalhos conjuntos, respeitando os diferentes segmentos de pesquisa de cada um. Em seguida, o professor Daniel mudou-se para a UNESP de Araraquara, porém ainda presta colaborações. No LIDoC são realizados experimentos pré-clínicos, experimentos realizados com roedores e clínicos, realizados com humanos. Todos em conformidade com o Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) e do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da UFSC.

Atualmente, cada um dos coordenadores do LIDoC orienta estudantes de graduação, bolsistas PIBIC ou voluntários e estudantes de mestrado e doutorado. Os graduandos e pós-graduandos são de cursos das áreas de ciências biológicas e ciências da saúde da própria UFSC.

O professor Everson A. Nunes trabalhou com a abordagem de propensões a riscos de câncer e desejava incluir o foco da obesidade. De outro lado, Alex Rafacho sempre trabalhou com a pré-diabetes, que tem uma ampla relação com a obesidade. A maioria dos indivíduos diabéticos, em determinado momento, já possuíram sobrepeso ou obesidade, no entanto isso não significa que todos os indivíduos obesos se tornam diabéticos.

O LIDoC conta com inúmeros colaboradores nacionais e internacionais, compondo a rede de pesquisa “Diabetes, obesidade e comorbidades” no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Pesquisa Acadêmica

Segundo o professor Alex Rafacho, estamos rotineiramente expostos a situações de estresse, seja por meio de fatores externos, como congestionamentos no trânsito, ou biológicos, como o exercício físico e o jejum prolongado. Nessas situações, o hormônio cortisol é fundamental para auxiliar na manutenção de energia necessária que o organismo necessita nesses contextos. Quando o cortisol está em excesso no sangue isso pode nos predispor ao diabetes. Isso acontece porque o cortisol induz à resistência à insulina, que é um hormônio produzido no pâncreas e fundamental para o controle da quantidade de glicose no sangue.

Em excesso, o glicocorticoide pode levar à hiperglicemia, que é o aumento da quantidade normal de açúcar no sangue. O professor explica que algumas terapias de longo prazo baseadas no uso de glicocorticoides podem levar ao diabetes por uma sobrecarga de trabalho do pâncreas.

Trabalhos desenvolvidos por bolsistas de Iniciação Científica no LIDoC/UFSC

Nos trabalhos iniciais desenvolvidos no LIDoC, envolvendo alunos de Iniciação Científica (IC), o grupo identificou que ratas fêmeas estão mais protegidas dos efeitos adversos dos glicocorticoides do que os ratos machos, desde que sejam ratas jovens. Ao ajustarem uma dose e uma determinada duração do tratamento, elaboraram um modelo experimental de pré-diabetes e, em alguns casos, a diabetes. Os ratos envelhecidos apresentaram as alterações mais deletérias. Para o professor, essa pesquisa foi um passo importante, por ser o primeiro grupo a demonstrar que parte dos impactos negativos do glicocorticoide  que ocorrem em ratos do sexo masculino não são observados quando o tratamento é realizado nas ratas jovens. Assim, as ratas (fêmeas) parecem estar protegidas de inúmeras doenças metabólicas das quais os ratos não estão.

Em outro estudo já concluído no LIDoC, e que foi possível contar com a colaboração de pesquisadores da Espanha, tiveram a oportunidade de mostrar o que acontece com o glucagon, hormônio que possui ações opostas à insulina e também é produzido no pâncreas. Nesse estudo, publicado na PLoS ONE, o grupo revelou que o pâncreas passa a produzir o hormônio glucagon em excesso e lembra que a combinação do excesso de glucagon com resistência à insulina pode acentuar os distúrbios do metabolismo da glicose, que levam à hiperglicemia.

Atualmente o professor conduz em torno de 6 projetos no LIDoC que vão desde a tentativa de compreender o impacto do excesso de glicocorticoide durante a gestação e suas consequências na prole, dos efeitos de fármacos antidiabéticos na prevenção dos efeitos adversos dos glicocorticoides, do impacto do Parkinson no metabolismo da glicose entre outros. Também escreveu três revisões científicas relacionadas ao corticoide e ao diabetes e informa que há grandes descobertas a serem apresentadas em breve por seu grupo. “Dada a consolidação do grupo, nós estamos ganhando repercussão suficiente para atrair pesquisadores e estudantes, e estamos trabalhando para ampliar nossa equipe de pesquisadores a fim de nos consolidarmos como grupo de pesquisa na área da obesidade e diabete”, finaliza.