Jovens pesquisadores da UFSC querem impulsionar novas maneiras de ver o mundo com a pesquisa

14/12/2017 11:09

Seja pela permanência ou por ganho de experiência, a Iniciação Científica (IC) está presente para mostrar um novo mundo ao estudante. Dandara Manoela dos Santos e Théo Piucco Rocker se surpreenderam com o mundo de oportunidades que as pesquisas em IC abriram para eles na universidade. Os dois estudantes participaram das apresentações orais do Seminário de Iniciação Científica (SIC) que aconteceram no mês de novembro de 2017.

Desde 2016, a Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) decidiu aplicar um processo diferente de inscrição para o SIC. A partir da utilização de vídeos postados no Youtube, baseados no resumo de cada pesquisa desenvolvida pelos estudantes, foi possível difundir ainda mais as pesquisas para outro público. Segundo Maria Luiza Ferreira, coordenadora do Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica (PIICT), essa decisão foi tomada para que o trabalho estivesse acessível a mais pessoas e pudesse ser usado pelo próprio estudante em outros seminários e apresentações. O SIC também está aberto a estudantes de outras universidades, mas até o momento os únicos inscritos são estudantes da UFSC.

Depois das inscrições, foram selecionados 80 estudantes, um de cada departamento, para participarem das apresentações orais. Essas foram divididas pelas áreas do conhecimento: ciências da vida, ciências exatas e da terra, ciências humanas e sociais, artes e linguagens. Também aconteceram as apresentações dos estudantes contemplados pelo Programa Institucional de Iniciação Tecnológica (PIBITI) e de PIBIC Ensino Médio.

Dandara Manoela, estudante de Serviço Social, realizou sua apresentação na quarta feira, dia escolhido para as apresentações da área de ciências humanas, artes e linguagens. A pesquisa de IC de Dandara fala sobre a permanência dos estudantes negros que ingressaram a partir das Ações Afirmativas, com o título “Ações Afirmativas: Ensino, pesquisa e extensão na perspectiva da educação das relações étnico-raciais”. Além de apresentar no SIC, a estudante também exibiu seu trabalho no sétimo Seminário Educação, Relações Raciais e Multiculturalismo (SEREM) da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) e também participou da organização do Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros da região Sul, o COPENE Sul.

Em 2016, Dandara entrou na Iniciação Científica e, em 2017, foi selecionada para se apresentar oralmente no SIC. O estudante Théo, do curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias, estreou no SIC com a pesquisa Micropropagação de Espécies de Bambu. O bolsista de Iniciação Tecnológica do Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genética Vegetal afirma que se apresentar no Seminário foi uma experiência muito importante para ele e para a finalização de sua pesquisa. “Estar em contato com outros pesquisadores e vê-los avaliando o seu trabalho é muito gratificante”.

Sobre experiências como essa, a estudante que também é cantora, Dandara Manoela compartilha da mesma opinião de Théo “Poder apresentar o meu tema, na frente de outras pessoas que se identificam com isso e que também tem outras ideias tão inovadoras quanto, me deixou muito agradecida”.

Ao apresentar seus trabalhos em Seminários que eram especialmente focados na temática racial, a estudante de serviço social conta que percebeu o quanto a pesquisa pode visibilizar e gerar um debate importante sobre o assunto.

Vida acadêmica

Para ambos os estudantes, a pesquisa mostrou que é possível fazer a diferença e colocar no mapa do conhecimento os temas que querem abordar. Théo esteve perto de outros pesquisadores que possibilitaram uma maior troca de experiências. Dandara enxergou o papel transformador de mostrar o resultado de seu trabalho e como isso pode influenciar no futuro de outro pesquisador “Falar de algo é visibilizar”.

Mesmo que este não seja o foco de sua carreira, Théo acredita que a Pesquisa foi um grande passo dentro da academia. “Desde o ensino médio eu sempre trabalhei com pesquisa, mas aqui no curso vi que no futuro gostaria de trabalhar mais na área aplicada à prática do que somente na pesquisa.” O estudante de Agronomia ressalta que existem dificuldades no reconhecimento do pesquisador acadêmico, mas ainda assim quer desenvolver pesquisas e espera que elas se enquadrem em sua vida profissional.

A estudante Dandara não se imaginava desenvolvendo uma pesquisa dentro da Universidade, especialmente uma que vem em forma de luta e de representatividade. “Para mim foi bastante simbólico ocupar aquele espaço e falar sobre uma pesquisa que fala de ações afirmativas, racismo e isso vir de uma mulher negra como eu, foi uma conquista.” A estudante junto da professora Joana Célia dos Passos, sua orientadora da bolsa de iniciação científica, se questiona sobre quantos estudantes negros estão contemplados por uma bolsa de IC e quantos projetos falam de alguma maneira sobre a questão racial.

 

Pró-Reitoria de Pesquisa UFSC
Linda Inês Pereira Lima