Projeto HPV realiza testes com vacina contra nove tipos do vírus.

30/03/2017 09:06

O projeto HPV (Papilomavírus humano), no Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), conta com a participação do professor e pesquisador Edison Natal Fedrizzi, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Os atendimentos são realizados à comunidade, a qual participa de pesquisas relacionadas ao vírus HPV.

Segundo Fedrizzi, o HPV é uma família de vírus, conhecidos cerca de 200 tipos diferentes, com uma predileção para infecção no ser humano em pele e mucosa. O aparecimento de verrugas ou o câncer de colo de útero depende do tipo do vírus e a manifestação dessa infecção, ou seja, as verrugas são causadas por um tipo de HPV e o câncer por outro, mas é possível possuir ambos no organismo.

O professor comenta que as pessoas costumam utilizar a internet para pesquisar sobre a doença, mas é preciso cuidado, pois há diversas informações falsas e desatualizadas sobre o assunto na rede.

Hoje, uma das pesquisas em andamento no Centro de Pesquisa Clínica da UFSC, relacionada à vacina nonavalente, acompanha jovens do sexo feminino, de 16 a 26 anos, as quais recebem a vacina contra nove tipos do vírus, para aumentar a abrangência da prevenção de doenças associadas ao HPV. Essa vacina ainda não está disponível no Brasil, mas está liberada nos Estados Unidos, em alguns países da América Latina, na Austrália e na Europa.

A eliminação do vírus no organismo é muito importante, porque mesmo com o tratamento da lesão ainda há o risco de câncer. Isso é possível com a melhora do sistema imunológico e com a vacina que estimula o sistema de defesa, acrescentando um bom nível de anticorpos, além de prevenir novos contágios da doença.

A vacina pode ser utilizada antes ou depois da infecção, por isso, serve tanto como coadjuvante ao tratamento quanto para prevenção. Num primeiro momento foi criada para a prevenção, mas se utilizada por pessoas infectadas, diminui-se o tempo dessa doença e previne-se o seu ressurgimento, em 80% dos casos.

“Hoje a gente utiliza a vacina não só como prevenção, mas utiliza em todas as faixas etárias, porque aquelas que não têm vão estar se protegendo e aquelas que têm vão curar mais rápido” – acrescenta o professor.

A maioria das pessoas que entra em contato com o vírus e possui um bom sistema de defesa elimina esse vírus em torno de 6 a 8 meses e 90% dos casos, em até dois anos. Os 10 ou 20% que têm a infecção persistente, normalmente, são pessoas cujo sistema imunológico não consegue eliminar o vírus. “Hoje em dia, a base do tratamento é melhorar o sistema de defesa para que a pessoa elimine a lesão com o tratamento e depois elimine definitivamente o vírus”, conclui Edison Fedrizzi.

Ainda, o professor explica que o vírus não está presente apenas onde existe a lesão, mas também nas células normais. “Nós tiramos a lesão, e mesmo assim pode voltar, por isso é importante o tratamento que melhore a defesa imunológica e a vacina”, conclui.

A vacina é encontrada gratuitamente em postos de saúde para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 13 anos e, se ambos forem infectados por HIV ou apresentarem alguma outra condição de imunossupressão, como pós-transplante de órgãos sólidos ou câncer, é gratuita para jovens de 9 a 26 anos. Em clínicas privadas pode-se tomar a vacina a partir dos 9 anos.

Nos casos de persistência da infecção, pode haver a progressão para uma lesão pré-cancerosa, que deve ser identificada através do exame ginecológico e por meio do preventivo (teste de Papanicolaou), mas o diagnóstico preciso depende do estágio da infecção. Por isso, hoje existem exames mais modernos capazes de detectar a infecção, mesmo quando não identificada no preventivo como os testes de biologia molecular, capazes de detectar a presença do vírus HPV mesmo nas células normais.

Após o tratamento, o exame ginecológico e alguns exames complementares demonstram o desaparecimento das lesões, mas para saber se o vírus foi eliminado completamente é necessária uma análise através de exames de biologia molecular, como a captura híbrida e a reação em cadeia da polimerase, que detectam uma partícula do DNA viral. Esse exame, infelizmente, não está disponível na rede pública.

Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site www.projetohpv.com.br.

 

Karla Gabriela Quint
Estagiária de Jornalismo da Propesq/UFSC