Terceiro prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos homenageia professor que é referência em atividade física e saúde

23/04/2010 15:44

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos casos de doenças coronarianas, 90% dos casos de diabetes tipo 2 e 30% dos casos de câncer poderiam ser evitados com mudanças nos hábitos alimentares, níveis de atividade física e uso de produtos derivados do tabaco. A atividade física regular pode reduzir o risco de câncer do cólon e da mama, prevenir a osteoporose e auxiliar na manutenção do peso saudável. Também de acordo com a OMS, há mais de um bilhão de pessoas no planeta com excesso de peso.
Professor dos cursos de graduação e de pós-graduação em Educação Física da UFSC, Markus Vinicius Nahas é licenciado nesta área pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), fez seu mestrado na Vanderbilt University (EUA) e o doutorado na University of Southern California (EUA). Passou por dois estágios de pós-doutorado (em 1991 na Arizona State University e em 2000 na University of South Carolina), ambos no campo da promoção de estilos de vida ativos.

Natural de Florianópolis, entrou na UFSC em 1977. No Centro de Desportos da UFSC coordena o Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde (NuPAF), grupo formado em 1991, pioneiro nesta área no Brasil. A atuação do professor inclui trabalhos com os temas atividade física; saúde e qualidade de vida; promoção de estilos de vida ativos; lazer e saúde do trabalhador; medidas da atividade física e educação física no ensino médio.

Markus Nahas é sócio fundador e foi o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde. Entre suas publicações está a quarta edição da obra ´Atividade física, saúde e qualidade de vida – Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo`, livro-texto usado em diversas universidades brasileiras e adotado em unidades do Serviço Social da Indústria (SESI) de todo o país. Pesquisador 1C do CNPq, já ministrou palestras em 20 estados brasileiros e em oito países.

Entre seus mais relevantes trabalhos estão o projeto Lazer Ativo (direcionado à promoção da atividade física entre trabalhadores da indústria) e Saúde na Boa (envolvendo estudantes do ensino médio noturno de Florianópolis e do Recife). A intervenção realizada a partir do Saúde na Boa foi financiada por um consórcio formado pelo International Life Sciences Institute, a Organização Pan-americana de Saúde e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

O projeto possibilitou a realização de um diagnóstico preliminar em Santa Catarina, entre 2001 e 2002, e mostrou a vulnerabilidade maior dos estudantes do ensino noturno. As ações, em 10 escolas de cada cidade, entre 2006 e 2007, levaram a modificações em ambientes e aspectos curriculares que pudessem colaborar para que os jovens adotassem estilos de vida mais saudáveis.

Desafio: opção por um lazer ativo
O lazer ativo de Markus Nahas inclui o voleibol geriátrico das sextas-feiras e a pescaria de cocorocas na Baía Sul, em Florianópolis, descreve o bem-humorado professor em seu currículo Lattes. O documento registra a produção de 15 livros ou capítulos, 67 artigos científicos e formação de 29 mestres e cinco doutores.

“O grande desafio para profissionais e pesquisadores que atuam na promoção da atividade física, visando uma melhor condição de saúde da população, é exatamente promover o que chamamos de lazer ativo numa sociedade que se transformou num verdadeiro paraíso do lazer passivo. Há uma concorrência “desleal” do lazer eletrônico e dos mecanismos poupadores de energia, mas é o nosso trabalho mostrar que dançar, caminhar no parque, jorgar bola ou pedalar uma bicicleta, pode ser tão agradável quanto sentar para ver TV ou no computador – e muito mais saudável”, destaca.

Segundo o professor, o lazer ativo pressupõe escolhas e sentimento de bem-estar nas atividades. É realizar ações que sejam culturalmente relevantes, envolvendo jogo, dança, diversão, companhia agradável e, se possível, contato com a natureza. “Para alguns trabalhadores da área urbana que passam sentados 8 a10 horas por dia, caminhar pode ser uma grande opção de lazer ativo, mas, obviamente, não é a primeira escolha para todo mundo”, lembra, citando que entre 30 e 50% dos adultos no Brasil são insuficientemente ativos para alcançar benefícios à saúde.

“Hoje podemos afirmar, a partir desta realidade e de evidências científicas, que realmente passou a ser questão de saúde pública reunir evidências sobre o nível de atividades físicas, sobre a prevalência de excesso de peso, etc., desenvolver, delinear ações e programas, implementar, avaliar e disseminar aqueles que funcionam, cancelando os que não funcionam.”, considera. “A OMS alerta que, se nos próximos 10 anos nada for feito, vamos aumentar em 50% a proporção de pessoas no planeta com a condição classificada como excesso de peso”, lamenta.

“Eu trabalho pela promoção de estilos de vida mais ativos e saudáveis. Combater a gente combate a dengue ou a gripe suína. Na mudança de comportamento do ser humano, temos que conscientizar, favorecer e criar oportunidades para mexer com o lado afetivo das pessoas. As pessoas precisam ter a possibilidade de escolha, a percepção que gostam daquilo que está sendo proposto. É no lazer ativo que nós enriquecemos nossa vida. É dessa maneira que vamos ajudar a mudar o ambiente e os indicadores de saúde em nosso país a partir de prática de atividade e de outros comportamentos promotores da saúde”, acredita o professor.