EMBRAPII credencia POLO para desenvolver projetos de inovação
A empresa acaba de aprovar o credenciamento de dez instituições, com um investimento total de R$ 1,4 bilhão, com um terço, ou seja, R$ 449,6 milhões aportados pela EMBRAPII. O restante do valor virá das empresas e dos centros de pesquisa credenciados, como o POLO, que entrará com a sua estrutura e pessoal. O contrato com a EMBRAPII tem prazo de seis anos para o atingimento das metas estabelecidas. Caso sejam atingidas antes desse prazo, um novo contrato poderá ser firmado. Cabe aos centros de pesquisa prestar contas e anualmente serem avaliados quanto ao cumprimento dos objetivos de contrato.
Além do POLO, foram credenciados o Centro de Engenharia Elétrica e Informática da Universidade Federal de Campina Grande (CEEI/UFCG); o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LAMEF/UFRGS); a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI); a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD); o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ); o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC); o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); e o Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros.
A reitora Roselane Neckel comemorou a notícia. “Esse credenciamento é de grande importância para a UFSC, que, com isso, está inserida em um projeto estratégico do Governo Federal, essencial para o cumprimento da política de ciência e tecnologia do País. A nossa contribuição, com as nossas competências e estruturas desenvolvidas aqui, é extremamente relevante e nos deixa muito satisfeitos. Acredito que será fundamental para Santa Catarina porque gera respaldo e reconhecimento para a Universidade e alavanca a base tecnológica da indústria nacional e regional”, avalia a reitora.
O POLO foi selecionado entre 87 centros de pesquisa de instituições de todo o País que passaram para a última fase de avaliação. Dentre os critérios para a escolha do laboratório, estava ter contratado, nos últimos três anos, um valor médio de R$ 12 milhões em projetos em parceria com empresas. Entre as dez instituições certificadas, apenas outras três universidades além da UFSC foram selecionadas pela EMBRAPII, que contou com a consultoria internacional do Instituto Fraunhofer da Alemanha.
Destaque em pesquisa, desenvolvimento e inovação
Fundado em 1982, o POLO destaca-se na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias em refrigeração. Um de seus fundadores, responsável pelo projeto selecionado pela EMBRAPII, o professor Cláudio Melo, explica que as exigências do edital eram muito próximas ao que o laboratório já vem fazendo há décadas. “O que o edital pediu nós já fazemos há mais de 30 anos. Eles querem centros de pesquisa que façam tecnologia, inovação e que trabalhem com empresas, e isso é o que fazemos por natureza. Todos os projetos em andamento no laboratório são em parceria com a iniciativa privada”, explica o professor Melo.
A estrutura atual do POLO precisará crescer para que o credenciamento com a EMBRAPII seja mantido. Essa é uma das condições previstas no contrato. Melo acredita que muita coisa tenha que ser mudada no POLO para atender aos objetivos da EMBRAPII, mas a principal será a contratação de mão de obra, principalmente de pesquisadores. “Hoje nós não temos capacidade de responder a todas as solicitações que chegam. Por isso, com esse credenciamento, esperamos montar uma força de trabalho maior, e temos convicção que vamos aumentar de tamanho e de volume de projetos”, ressalta Melo.
“É uma distinção muito grande para o POLO, para o Departamento de Engenharia Mecânica, para a Universidade. Somos uma célula de excelência da EMBRAPII, dentre poucas no Brasil, e isso vai gerar um potencial grande para melhorarmos a nossa estrutura e independência. Espero que os parceiros cresçam em termos de recursos e que outros parceiros venham. Vamos ganhar exposição e captar projetos. Vai ser nossa obrigação crescer para continuar como unidade credenciada”, salienta o professor. O laboratório deverá atuar principalmente no desenvolvimento de soluções avançadas para a redução do consumo de energia e a utilização de fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental.
O POLO hoje atua em parceria com diversas empresas brasileiras e estrangeiras. Os dois maiores parceiros são a Whirlpool, uma das maiores fabricantes mundiais de eletrodomésticos, e a EMBRACO, cuja principal atividade é a produção de compressores para aparelhos de refrigeração. O laboratório realiza pesquisas também na área de termofísica em cooperação com a PETROBRAS e a EMBRAER.
O professor Claudio Melo destaca o caráter pioneiro das parcerias do POLO, em especial com a EMBRACO. “A EMBRACO apoia, de maneira contínua, a atividade de pesquisa desde o início das nossas atividades, expondo a gente a problemas reais da indústria, que é uma de nossas características: estar muito ligados à aplicação da tecnologia”, salienta o professor.
Estratégia de Inovação
A EMBRAPII é uma organização social, vinculada e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC). A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (2012-2015) coloca a EMBRAPII como uma das iniciativas-chave para alavancar o desenvolvimento científico-tecnológico no País, em áreas estratégicas já delineadas pelo Governo Federal. O documento cita, como objetivos centrais da EMBRAPII, “fomentar projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, instituições tecnológicas ou instituições de direito privado sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores”.
O diretor do Departamento de Projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ), Elias Machado, ressalta que a estratégia da EMBRAPII é consolidar a estrutura já existente nos centros de pesquisa e inovação que atuam em parceria com empresas, repassando recursos para pesquisas capazes de contribuir com a atualização tecnológica da indústria. “Este é um novo modelo de contratação, bem diferente de como eram feitos os projetos de pesquisa convencionais. Existe a necessidade de apresentação de resultados concretos, que serão avaliados a cada ano para garantir a continuidade das atividades. O repasse dos recursos ao longo dos seis anos de contrato depende do cumprimento das metas. É um estímulo para a transferência de tecnologia para a sociedade”, salienta Machado. O diretor lembra ainda que a estratégia da EMBRAPII está intimamente ligada aos projetos de impulsionar a ciência e tecnologia nacionais. “O Brasil tem um grande gargalo, com a maioria das pesquisas desvinculadas da geração de inovação. Estamos entre os 12 países do mundo que mais publicam em revistas científicas indexadas. Só que no critério de inovação, o país ocupa a 64ª posição. Publicamos muito, mas inovamos pouco”, conclui Machado.
Reverter esse quadro de pouca inovação tecnológica e social é o grande desafio das políticas públicas de ciência e tecnologia e das instituições de pesquisa. O pró-reitor de Pesquisa, Jamil Assereuy, acredita que iniciativas como a EMBRAPII podem elevar os números de inovação no Brasil a médio e longo prazos. “O que se quer com a EMBRAPII é a transferência rápida de tecnologia para o setor produtivo. Esse é um esforço importante, mas o caminho é longo. Agora foram credenciados 10 centros de pesquisa e pretende-se credenciar, até o fim do ano, 23 instituições. Se cada um registrar 10 patentes ou 10 novos produtos, serão 230 produtos, o que é um primeiro passo em termos de entrada em mercados muito competitivos. Produzir algo totalmente novo, a inovação radical, só vai acontecer quando tivermos uma grande massa de pesquisadores trabalhando com inovação”, prevê Assereuy.
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Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação