Equipamento de soldagem da UFSC deve ultrapassar os disponíveis no mercado em alguns anos

05/08/2019 08:00

O Tartílope V-4, modelo de cabeçote de soldagem do LABSOLDA, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é mais flexível e possui mais funções em relação aos mesmos equipamentos disponíveis no mercado. Os dutos offshore(na água) e onshore(em terra) são os materiais soldados pelo equipamento, que atualmente opera mecanizadamente (com pouca ação do operador), em evolução para plena automatização. Ainda não há previsão exata, mas  os trabalhos desdobram-se com o objetivo de que o cabeçote se torne mais robusto e apto a trabalhar em ambientes hostis de campo, e também incorpore um sistema de sensoriamento a laser, tornando o processo totalmente automático.

Bancada de Soldagem Orbital – Tartilope V4

Os atributos vão da soldagem em 4 eixos à sincronização de energia de soldagem com o padrão de movimento, que permite que a tocha fique por um tempo maior em uma área que precisa fundir uma quantidade maior de material. Essa flexibilidade permite que o equipamento possa soldar dutos de diferentes tamanhos e materiais, em juntas de diferentes geometrias, tornando-se um produto promissor em termos de mercado. A automatização é um dos próximos passos: através do sensoriamento a laser, a geometria da junta será escaneada, e o cabeçote irá corrigir a trajetória automaticamente. A tecnologia ainda está em desenvolvimento e conta com parceria da Petrobras e do Senai-RJ. Atualmente, a maioria dos cabeçotes possuem processos mecanizados, mas estima-se que no futuro a automatização seja predominante.

Como funciona?

A primeira operação geralmente é feita por duas pessoas, que instalam a cinta e o cabeçote ao redor do duto. Após sua montagem, um operador precisa regular os parâmetros do equipamento (velocidade, intensidade de energia, sincronização) em uma interface humano-máquina (IHM) de programação e, posteriormente, opera seu funcionamento em outra interface, chamada de operação, precisando aproximar-se para corrigir eventuais erros de trajetória. Em um processo automatizado, o operador não precisa se aproximar da tocha, logo, não inala fumaças e outras substâncias liberadas durante o processo. Em soldas manuais, se reduz a padronização dos resultados, ao passo que tanto no processo mecanizado quanto no automatizado, a repetibilidade é plena.

Tartilope V3 em processo de soldagem orbital. O processo mecanizado faz com que, eventualmente, o operador tenha que aproximar-se do cabeçote.

Além da evolução no quesito de automação, o LABSOLDA pretende tornar o equipamento mais robusto, tornando o mesmo mais suscetível a práticas em campo. Os modelos de mercado são bem menos flexíveis e funcionais, mas possuem mais rigidez, portanto são mais aptos para suportar grande desgaste mecânico e ambientes mais adversos. Regis Silva, que coordena as atividades do laboratório, afirma que o equipamento é referência para outros professores e universidades,  cujos enfoques vão de processos de fabricação à metalurgia, e é de grande interesse poder trabalhar com equipamentos de qualidade e flexibilidade no âmbito de pesquisa.

Os atributos do cabeçote foram, ao longo do tempo, incluídos através de colaborações científicas-acadêmicas, como trabalhos de graduação e pós-graduação que agregaram ao equipamento e possibilitaram sua evolução técnica. Atualmente o laboratório envolve em média 45 pessoas, dos quais 4 são professores, 15 graduandos, 20 pós-graduandos e 4 técnicos-administrativos da UFSC e de projetos. Suas parcerias são firmadas principalmente com outras universidades e empresas nacionais e internacionais(RWTH, Hochschule Niederrhein, UFU, UFRJ, UFRGS,PETROBRAS, TRACTEBEL/ENGIE, EMBRACO), e conta com fundamentais financiamentos de bolsas pelas agências de fomento CAPES e CNPq.