Professor de Física da UFSC faz parte de projeto internacional de mapeamento da Via Láctea

13/06/2017 17:13

Imagem aumentada do bojo galáctico registrada pelo telescópio VISTA no projeto VVV.

Saber a origem da vida no Universo e para onde vamos continua sendo uma questão para a humanidade. Pesquisadores astrônomos, como o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Roberto Saito, trabalham para revelar aspectos ainda desconhecidos de nossa galáxia, a Via Láctea. Formado em física pela UFSC e com pós-doutorado na PUC Chile, o professor participa do projeto internacional VISTA Variables In The Via Láctea (VVV).  Junto deste grupo, Saito mapeou mais de 84 milhões de estrelas na região central da Via Láctea, o que resultou no artigo publicado em 2012.

O projeto VVV começou a ser formado em 2009, quando o European Southern Observatory (ESO – Observatório Europeu do Sul) abriu uma chamada pública para observação com o telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy). Após a seleção realizada pelo ESO, um grupo de diferentes pesquisadores do mundo todo se reuniu para formar o VVV.

Centro da via láctea

A ideia inicial era utilizar especificamente o telescópio VISTA por sua ampla capacidade de coletar imagens através da câmera VIRCAM, que forma o espelho central do telescópio. A captura de imagens em infravermelho permite visualizar as regiões mais internas do centro e do disco que formam a Via Láctea. O equipamento está no Observatório de Cerro Paranal do Chile, tem o peso de seis toneladas e suas imagens chegam a 67 milhões de megapixels.

Os trabalhos do VVV começaram ativamente em 2010 com as observações. Por ser um projeto de acesso público, todos os dados serão disponibilizados e podem ser acessados livremente pela comunidade. Saito explica que a região central da nossa galáxia foi escolhida por concentrar o maior número de estrelas, gás e poeira. Por este motivo a utilização do VISTA era necessária, pois a observação com os telescópios tradicionais não seria capaz de captar a Via Láctea profundamente.  Assim, a probabilidade de encontrar mais corpos celestes desconhecidos e analisar suas particularidades seria maior com o VISTA.

O professor Roberto Saito conta que era responsável pela parte de planejamento e acompanhamento do processo de observação e atuava no controle de qualidade dos dados observados.

O VVV fez ao todo três publicações sobre o mapeamento da Via Láctea. O primeiro artigo científico divulgado em 2012 apresenta um estudo envolvendo 84 milhões de estrelas. Nos anos seguintes, foram apresentados outros dois trabalhos, estes mostravam um total de 157 milhões de corpos celestes mapeados pelo grupo de pesquisa. Finalizado em 2016 o período de observações no telescópio VISTA, agora o grupo se encaminha para um novo projeto, o VVV eXtended Survey (VVVX).

Para que o projeto tenha sucesso é vital que o monitoramento continue, pois segundo Saito, “as estrelas estão em constante movimento, o que pode revelar novas características da Via Láctea”. A ideia é estender as ações do VVV dentro da UFSC, com o desenvolvimento do VVVX. “Mesmo que as observações tenham acabado, a análise dos dados coletados segue sendo feita.” Saito explica que o grupo observará uma área três vezes maior que a anterior, o que aumentará a base de dados sobre a região até agora. O desenvolvimento deste trabalho dentro da UFSC envolverá alunos tanto da graduação de física quanto da pós e fará com que estudantes estejam mais próximos da pesquisa e da astronomia.

Saiba mais sobre as 157 milhões de estrelas mapeadas na Via Láctea aqui.

Para ver as estrelas basta acessar a página do ESO ou clicar aqui e visualizar a imagem de 24,6 GB.

Linda Inês Pereira
Comunicação Pró-Reitoria de Pesquisa UFSC