“Trazer a população pra dentro do laboratório e levar a universidade para a indústria. Sair dos muros da universidade, isso a gente faz”: O laboratório de Design da UFSC que foi vice-campeão de prêmio da FabFoundation, do MIT

02/09/2019 08:00

Localizado à esquerda do local de venda de passes do Restaurante Universitário (RU), o Laboratório conta com mobiliário e produtos fabricados pela equipe de alunos, bolsistas e pesquisadores.

Os laboratórios de produção digital têm sido uma tendência nos últimos anos, graças à evolução tecnológica que possibilitou processos como a impressão 3D e o corte à laser. Nesse âmbito, há o prêmio Chevron STEM Education Award, cuja edição deste ano premiou, em 2º lugar, o “Fabricating turtles to understand turtles”, do Pronto3D. O projeto consiste na elaboração de tartarugas de espécies do litoral brasileiro, algumas em extinção, para conscientizar crianças sobre a proteção marinha. A competição premia projetos educacionais direcionados a crianças na fase de ensino fundamental (6 – 12 anos), fornecendo os resultados finais em agosto, na conferência FAB15, no Egito.

Em forma de workshops, o Pronto3D fornece materiais confeccionados no laboratório para que as crianças interajam, como um quebra cabeça 3D em formato de dinossauro, que exercita a alfabetização durante a montagem. O projeto premiado trata-se da produção de réplicas de tartarugas marinhas, cujo casco é produzido em impressão 3D, que posteriormente servirá de molde para que as crianças brinquem com massa de modelar. O corpo dos animais é confeccionado em lâminas de papel cortadas à laser e o corpo feito em lâminas de MDF, também cortadas à laser. Orientada pela professora do curso de design de produto da UFSC, Regiane Pupo, e realizada pela aluna Clara Andrezzo, a ideia contou com uma parceria informal com o Projeto Tamar, que prima pela conservação das tartarugas marinhas. Assim, foram produzidos os modelos durante uma oficina, com presença da bióloga do TAMAR Juliana Rizzi, que contribuíram para o aprendizado e a conscientização das crianças. Os arquivos para produzir as peças encontram-se disponíveis online, assim como o tutorial de confecção.

No “Fabricating turtles to understand turtles”, inicialmente os cascos eram fabricados. Por rentabilidade e pelo efeito positivo com crianças, foi feita a mudança para um molde de silicone, fabricado para que outro material seja utilizado na confecção do casco, como a massinha de modelar.

O Pronto3D foi criado em 2013, ainda como uma ideia de Pupo. Anteriormente, havia implementado dois laboratórios fora da UFSC, onde ingressou e planejou um laboratório de fabricação digital. Através do financiamento da FAPESC e da FINEP, conseguiu pôr a ideia em prática, em conjunto com Luiz Salomão Ribas Gomez, também professor do departamento de Expressão Gráfica. O laboratório possui um polo em Florianópolis, vinculado à UFSC, mas tem outros polos estratégicos em Santa Catarina (Chapecó, Criciúma e Lages), que são vinculados a universidades particulares da região. Pupo afirma que a quantidade de pesquisa do laboratório é muito alta, cedendo espaço para diversos projetos de alunos do design, e também com suporte técnico a pesquisas de outros cursos que necessitam de produtos físicos específicos. Além disso, o Pronto3D realiza atividades de ensino e extensão, concebendo produtos como luminárias e mobílias, e realizando parcerias com empresas para produções em demanda.

Dentre as confecções do Pronto3D figuram maquetes para o Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da UFSC, feitas no âmbito de ensino.

“Um laboratório de fabricação digital não é nada sem as pessoas”, afirma Pupo, que ressalta que o Pronto3D equipara-se a outros laboratórios estrangeiros com tecnologia de ponta. Semestralmente, 5 ou 6 bolsistas são agregados, envolvendo-se nas atividades cotidianas do ambiente, que tem uma produção frequente e especializada. A estrutura do laboratório permite auxiliar outros projetos dentro e fora da universidade, mantendo as produções funcionais, modernas e, eventualmente, com pretextos altruístas, como visar à preservação marinha.

 

Eduardo Vargas – Pró-Reitoria de Pesquisa UFSC