Elas na Ciência – Luciana Bolan Frigo
Dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Pensando nisso e participando da agenda oficial da UFSC, a Pró-reitoria de Pesquisa da UFSC elaborou uma série descontraída, em formato de minientrevista com cinco perguntas. A intenção da série é prestigiar o trabalho das pesquisadoras e a importância de tê-las em nossa universidade.
‘Elas na Ciência’ traz um pouco das pesquisas, da perspectiva e dos conselhos que as cientistas têm para dar àquelas jovens mulheres que almejam ingressar no mundo científico.
A segunda pesquisadora é Luciana Bolan Frigo, do departamento de Computação da UFSC.
Confira a minientrevista:
- Por que decidiu atuar nessa área?
“Fiz uma lista com os cursos que mais me chamavam a atenção, entre eles estavam engenharia elétrica, engenharia de controle e automação e ciência da computação. Como eu achava que seria interessante trabalhar em uma fábrica de produção de produtos cosméticos, escolhi engenharia de automação. E as fábricas que eu acabei trabalhando, eram de produtos bem diferentes dos cosméticos, como o alumínio e o minério de ferro. Nunca entrei em uma fábrica que produzisse cosméticos, embora ainda tenha essa curiosidade. Alguns fatores acredito terem sido importantes na minha escolha: gostar de matemática e física, ter um pai engenheiro e uma mãe matemática, gostar de desafios e, principalmente, não ter sido desmotivada pelos meus pais a realizar este curso, uma vez que há um estigma, e até preconceito social, de que engenharia ‘é coisa de homem.’ ”
- Quais pesquisas está desenvolvendo?
“Com minha atuação na coordenação do Programa Meninas Digitais, da Sociedade Brasileira de Computação, o foco acaba sendo direcionado às temáticas que envolvem a tecnologia e a presença feminina nos cursos e áreas de atuação onde as mulheres possuem pouca representatividade. É uma área interdisciplinar e que pode envolver educação, carreira e liderança com áreas da computação como: jogos computacionais, ciência de dados, inteligência artificial, etc. Neste momento, tenho trabalhado na coleta de dados e informações que nos auxiliam no direcionamento de ações do Programa Meninas Digitais. Algumas pesquisas derivam diretamente do projeto de extensão Meninas Digitais – UFSC, que leva oficinas de robótica, programação, desenvolvimento de jogos, eletrônica, computação desplugada e muita informação para as alunas de ensino fundamental e médio. Tudo isto integrado com as alunas de graduação e pós-graduação.”
- Já sofreu machismo em seu campo de atuação?
“Inúmeras vezes! Infelizmente, o machismo está fortemente presente na nossa sociedade e está arraigado na cabeça de homens e mulheres também. Os estereótipos são criados e vão se perpetuando ao longo dos anos. Já teve piadinha de professor, de colega de trabalho e de cliente (quando trabalhava com consultoria). Algumas vezes só a presença feminina em determinados ambientes, já causa desconforto e estranheza.”
- Para você, qual a importância de ser uma mulher que produz ciência?
“Produzir ciência é fundamental para uma sociedade que deseja se desenvolver, homens e mulheres precisam ser representados nas diversas áreas. Quando apenas uma parte da população está representada em uma pesquisa, há um recorte natural do cenário e deixa-se de haver uma percepção do todo. Algumas ferramentas computacionais reproduziram viés tecnológico e provocaram problemas, por exemplo, no reconhecimento de voz e facial, na seleção automática de currículos, onde determinadas etnias ou gênero foram desconsideradas no sistema, gerando discriminação. A ciência precisa compreender as necessidades da população como um todo e produzir tecnologia que atenda estas necessidades.”
- O que diria para uma jovem que almeja ingressar na pós-graduação?
“Escolha um tema que você deseje aprofundar, buscar novas perspectivas e soluções. É um período de muito crescimento profissional e pessoal, precisará lidar com as emoções, conquistas e frustrações. Terá oportunidade de conhecer e interagir com pessoas de perfis diferentes. Aproveite cada oportunidade e desafio. Faça a sua parte e peça ajuda nos momentos críticos. Comemore cada etapa conquistada e curta o processo.”
Apoiar a ciência produzida pelas mulheres é apoiar a diversidade!
Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC