Elas na Ciência – Regina Rodrigues
Dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Pensando nisso e participando da agenda oficial da UFSC, a Pró-reitoria de Pesquisa da UFSC elaborou uma série descontraída, em formato de minientrevista com cinco perguntas. A intenção da série é prestigiar o trabalho das pesquisadoras e a importância de tê-las em nossa universidade.
‘Elas na Ciência’ traz um pouco das pesquisas, da perspectiva e dos conselhos que as cientistas têm para dar àquelas jovens mulheres que almejam ingressar no mundo científico.
A quinta pesquisadora é Regina Rodrigues, do departamento de Oceanografia da UFSC.
Confira a minientrevista:
- Por que decidiu atuar nessa área?
“Nasci e cresci no litoral de São Paulo, desde pequena tanto o oceano quanto a Mata Atlântica fizeram parte cotidiana da minha vida. A natureza sempre me fascinou e me moldou profundamente como pessoa. E ainda molda…”
- Quais pesquisas está desenvolvendo?
“Desenvolvo pesquisa na área de física dos oceanos e da atmosfera. Mais especificamente, investigo como a atmosfera e os oceanos interagem e determinam o clima global. Recentemente, o foco da minha pesquisa é entender os mecanismos físicos que levam aos eventos extremos combinados de seca, ondas de calor sobre continente e no mar, que impactam a segurança hídrica, alimentar e energética do Brasil, saúde humana e ecossistemas marinhos e terrestres brasileiros.”
- Já sofreu machismo em seu campo de atuação?
“No início da minha carreira não pensava que ser mulher tivesse alguma relevância. Talvez ingenuidade pura. Sempre fui dedicada e boa aluna e, portanto, respeitada pelos meus superiores e colegas. Porém, a época da inocência foi acabando à medida que subia na carreira acadêmica e encontrava cada vez menos mulheres em cargos/posições mais importantes, principalmente nas áreas administrativas onde as decisões são tomadas. Esse é o famoso funil profissional das mulheres. Senti um ambiente mais hostil dominado por homens que geralmente são mais competitivos (agressivos). Para as mulheres seguirem nessa carreira, precisam muitas vezes trabalhar 2, 3, 4 vezes mais para obter o mesmo reconhecimento, se o alcançar.”
- Para você, qual a importância de ser uma mulher que produz ciência?
“A importância de produzir ciência no Brasil é imensa, ponto. Em um país que investe pouco em ciência para uma sociedade que infelizmente também não reconhece a ciência, nem se fale! Fazer ciência na área de exatas, sendo mulher e latina, contra todas as estatísticas é ainda mais importante e carrega uma responsabilidade enorme. A de servir de exemplo, mostrando que é possível ser bem sucedida fazendo o que gosta. Tenho muito orgulho do que faço e não consigo me ver fazendo outra coisa. Um dos pontos mais altos da minha carreira (ou vida) foi quando fui escolhida para ser patrona da 2ª turma de Oceanografia da UFSC. Detalhe: só de meninas-mulheres.”
- O que diria para uma jovem que almeja ingressar na pós-graduação?
“Não desista, é um caminho árduo, mas fazer ciência para trazer soluções para importantes problemas da sociedade é uma das coisas mais compensadoras que existe. Como diria o antropólogo David Graeber, o dano moral e espiritual de passar toda a sua vida profissional fazendo tarefas desnecessárias para a sociedade é profundo. Então não tenha medo! Vale muito a pena! Nós, professoras e pesquisadoras da UFSC, estamos aqui!”
Apoiar a ciência produzida pelas mulheres é apoiar a diversidade!
Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC