Série “Fomento Serrapilheira” #1

04/04/2022 12:00

A Pró-reitoria de Pesquisa apresenta a série “Fomento Serrapilheira”. O objetivo é divulgar as pesquisas científicas de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que obtiveram financiamento através de chamadas públicas do Instituto Serrapilheira.

O Instituto Serrapilheira é uma instituição privada e sem fins lucrativos fundada em 2017. O propósito da instituição é fomentar e valorizar a pesquisa brasileira, com ênfase em áreas como matemática, ciências da computação e naturais – a qual engloba geociências, física, química, biologia etc. O Serrapilheira atua por meio de programas voltados para o apoio, formação e divulgação científica.

O nome “serrapilheira” refere-se à camada que fica acima do solo, formada por matéria orgânica como vegetais, restos de animais e excretas. Sua importância reside no fato de que é uma das principais vias de retorno de nutrientes ao solo.

O primeiro entrevistado da série é José Henrique de Oliveira, professor adjunto Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina desde 2017. Graduado em Biomedicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele também tem mestrado e doutorado em química biológica pela mesma instituição. Durante o pós-doutorado esteve na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. 

O projeto “Entendendo como mosquitos infectados pelo vírus da Dengue nunca ficam doentes”, desenvolvido por José Henrique, foi selecionado para receber apoio financeiro do Instituto Serrapilheira. O principal objetivo do estudo é impedir que mosquitos transmitam Dengue para os seres humanos.

 

Qual o foco da sua pesquisa?

Estudo como os mosquitos transmissores de dengue não ficam doentes quando estão infectados com o vírus. Antes de transmitir o vírus para um humano, o mosquito possui alta carga viral e, diferente de nós, não manifesta sinais de doença. Entender isso é importante para inibir tais mecanismos celulares nos mosquitos e induzir doença nos mosquitos infectados com dengue. Se isso ocorrer, o mosquito não realizará picadas infecciosas e o ciclo de transmissão da dengue será interrompido.

 Ilustração da tolerância do mosquito ao vírus.

 

Como sua pesquisa pode beneficiar a comunidade?

A inibição da tolerância dos mosquitos ao vírus dengue (e zika) pode funcionar como estratégia anti-arbovírus. Se acharmos uma droga que iniba as vias de tolerância nos mosquitos, podemos espalhar essa droga na natureza (de forma similar a como já fazemos com inseticidas convencionais) e todos os mosquitos infectados com dengue irão morrer, não transmitindo a doença para humanos.

 

Qual a importância do financiamento do Instituto Serrapilheira para desenvolver o estudo?

O financiamento foi essencial pois me permitiu testar a hipótese de genes de resposta ao estresse promovem tolerância nos mosquitos infectados. A flexibilidade de uso dos recursos e o profissionalismo e respeito do Instituto Serrapilheira com seus cientistas é ímpar no cenário nacional. As universidades federais, incluindo a UFSC, tem muito o que se inspirar em termos de investimento no jovem docente para que possamos gerar biotecnologia e libertar o brasil dos entraves tecnológicos e dependência internacional. Há um longo caminho pela frente e esse começa com respeito e valorização do jovem cientista. Nisso, o Serrapilheira é campeão!

 

 

Escrito por Mariana Oliari

Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC