Com o propósito de somar esforços contra a pandemia de Covid-19, as professoras Gislaine Fongaro, Maria Luiza Bazzo e Patricia Hermes Stoco, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), integram uma força-tarefa que trabalha, incansavelmente, no diagnóstico, sequenciamento e vigilância ambiental do SARS-CoV-2, vírus que provoca a Covid-19.
As três fazem parte do grande grupo de mulheres brasileiras e cientistas que estão na linha de frente do combate à pandemia, que o ND+ homenageia neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Maria Luiza Bazzo, Gislaine Fongaro e Patricia Hermes Stoco da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) integram uma força-tarefa de combate à pandemia de Covid-19 – Foto: Divulgação/ND
Desde março de 2020, um grupo de pesquisadores de quatro laboratórios da universidade, formado por maioria feminina, realiza o diagnóstico de pacientes com Covid-19 do Hospital Universitário da UFSC. “Inclusive, em tempo recorde”, destaca Patrícia, de 37 anos, do departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da universidade.
Responsável pelos diagnósticos, Maria Luiza, de 60 anos, coordena o departamento de Análises Clínicas, um dos mais sobrecarregados no decorrer da pandemia, e faz malabarismo para dar conta de todas as demandas clínicas e acadêmicas.
“Trabalhamos loucamente, damos aulas, elaboramos projetos de pesquisa rapidamente, tocamos o laboratório, os artigos…”, enumera.
Primeira detecção do vírus no continente
Um dos feitos do time da UFSC foi a identificação do primeiro traço de presença do vírus nas Américas.
Ao analisar duas amostras do esgoto de Florianópolis colhidas em 27 de novembro de 2019, as pesquisadoras concluíram, em julho de 2020, que o SARS-CoV-2 já circulava no Brasil dois meses antes do primeiro caso clínico ser relatado no país, no fim de fevereiro do mesmo ano.
“Por causa do nosso trabalho, outros estudos internacionais foram realizados, inclusive em outros países, como nos Estados Unidos”, afirma Gislaine, de 31 anos, integrante do Laboratório de Virologia Aplicada.
Motivação e força das mulheres
Mesmo após um ano vivendo em uma rotina de trabalho puxado, sem feriados e finais de semana, a equipe segue motivada.
“Não vejo ninguém assustado ou com medo, mas todo mundo se protegendo, fazendo o afastamento social, sem se deixar abalar em nenhum momento”, garante Maria Luiza.
Diante de tantos resultados positivos, a coordenadora de departamento ressalta a necessidade de que mais mulheres estejam à frente de cargos de liderança na ciência.
“Só tem homem no comando e nos holofotes, mas as mulheres estão ali, fazendo a força pesada. Está na hora disso mudar”, dispara.
“A ciência está se aproximando das pessoas”
É inevitável frisar que a ciência atravessa um período de descrédito em pleno 2021. E na avaliação de Maria Luiza, isso ocorre devido a falta de reflexão. “As pessoas usam tudo o que vem da ciência, mas não aprenderam a refletir sobre tudo o que a ciência representa”, dispara ela.
Gislaine, no entanto, pondera. “A ciência está se aproximando das pessoas. Antigamente as pessoas não se perguntavam se a vacina era viva ou não”, referindo-se aos tipos de imunizantes que existem.
Já Patrícia espera que nos próximos anos haja mais reconhecimento às pesquisadoras e cientistas. “Poucas pessoas sabiam o que a gente fazia. Daqui a alguns anos podemos alcanças ainda mais pessoas”, destaca.
Expectativa para o futuro
Depois de um ano engrossando a luta contra o coronavírus, Patrícia deseja poder ajudar ainda mais pessoas até o próximo Dia da Mulher. “Espero que tenhamos vacina para todos, mais apoio e menos portas fechadas. Não queremos competir com ninguém, apenas somar esforços para que possamos ajudar ainda mais”, garante a professora.
Já Gislaine anseia por liberdade: “Voltar a assumir as rédeas da nossa vida. O tempo é cruel, passa muito rápido, e às vezes não conseguimos fazer diferente”, reflete.