Cientistas pela UFSC – Márcia de Souza Hobold

22/09/2020 09:05

A Propesq dá continuidade à série Cientistas pela UFSC, com o objetivo de dar visibilidade a pesquisadores e seus respectivos trabalhos. A série foi concebida e as entrevistas foram realizadas pelo ex-bolsista de Jornalismo, Eduardo Vargas.

Os tópicos das entrevistas foram categorizados, quando compatível, em: “Quem é?”, que se trata de uma breve biografia e dos melhores momentos; “Magnum Opus”, termo utilizado para denominar a maior obra, que consiste em visibilizar o(s) destaque(s) do pesquisador; “Alma Mater”, termo utilizado para abordar a instituição de ensino que fomentou alguém intelectualmente e sobre a relação do pesquisador com a UFSC; “Mão Estendida”, que descreve as principais parcerias feitas ao longo da carreira do pesquisador; “O que diria para um aluno?”, com recomendações para quem está ingressando ou irá ingressar na área; “Desafios”, que trata dos grandes obstáculos no campo de conhecimento nos próximos anos; e “Um breve panorama”, cuja função é evidenciar como a UFSC está em relação às outras universidades no campo de pesquisa do entrevistado.

A redação dos textos é realização do atual bolsista de Jornalismo, Carlos Venâncio.

Quem é: Márcia de Souza Hobold é formada em Pedagogia, fez sua especialização em Psicopedagogia e, pensando em se aprofundar mais ainda na área, graduou-se em Psicologia. Tem mestrado e doutorado em Educação, além de ter realizado estágio de pós-doutoramento, com bolsa pós-doutorado júnior (PDJ) do CNPq.

Está na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há três anos e meio. Foi professora da educação básica por dezenove anos, lecionando desde os anos iniciais do ensino fundamental até a atuação na coordenação pedagógica do ensino médio. No ensino superior atua há doze anos. É bolsista de produtividade em pesquisa pelo CNPq – bolsa PQ.

Sua experiência na educação básica é base para compreender melhor seus dados de pesquisas, em relação à formação de professores e práticas de ensino (didática), bem como contribui efetivamente para as aulas de Didática, que leciona nas diferentes licenciaturas da UFSC. A pesquisadora realiza sua profissão com prazer e responsabilidade e diz que sempre teve como desejo profissional, desde os seis anos, ser professora.

Márcia de Souza Hobold

“Professores têm uma função social de auxiliar os alunos na ampliação da leitura de mundo”, diz, dando destaque a duas grandes influências em sua carreira. Uma delas é Paulo Freire, o conhecido educador brasileiro, que possui duas obras que ela destaca como importantes: ‘Pedagogia do Oprimido’ e ‘Pedagogia da Autonomia’, sendo a segunda uma das referências para os estudantes do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSC (PPGE). Outro autor que destaca é Saviani, pelas obras ‘Escola e Democracia’ e ‘Pedagogia Histórico-crítica’.  Também mencionou outros autores que se constituíram como referência para sua formação: Libâneo; Vera Candau; Marli André, Vygotsky; Carlos Jamil Cury e Maria Helena Souza Patto.

Márcia produziu seu trabalho de conclusão do curso de Psicologia sobre depressão em estudantes, estudou as causas e os possíveis tratamentos. Na época, trabalhava como orientadora educacional e havia percebido que era algo recorrente na vida dos estudantes de diferentes idades. Sua graduação nessa área também ajudou no seu entendimento de como age o ser humano em relação à aprendizagem, ou seja, possibilitou compreender melhor os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes.

Em suas orientações de trabalho de conclusão de curso, bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado ela preza pelo estudo teórico, pelo rigor metodológico e por uma escrita adensada dos dados empíricos de uma pesquisa – que só podem ser alcançados quando os primeiros passos foram dados adequadamente (estudo teórico, planejamento da pesquisa, coleta dos dados e uma análise aprofundada e contextualizada).

Magnum Opus: Além de desenvolver trabalhos com os doutorandos, diversos artigos produzidos por seus orientandos já tiveram aprovação de revistas conceituadas. Participou de uma pesquisa voltada a estudantes de licenciatura, vinculada à Fundação Carlos Chagas e à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a fim de entender como se constitui a formação nos diferentes cursos de licenciaturas. 

Teve projetos de pesquisa aprovados no edital do CNPq e Capes. No momento tem dois projetos de pesquisa em andamento, do edital Universal do CNPq, com diferentes universidades do Brasil (UFRJ, UECE, PUC SP etc.). Também está com um projeto de pesquisa como bolsista produtividade de pesquisa pelo CNPq.

Mão Estendida: Durante seu doutorado recebeu a bolsa de estudo da Capes, que possibilitou sua dedicação praticamente integral aos estudos. Em seu pós-doutoramento, também recebeu a bolsa do CNPq, PDJ, com recursos para desenvolver sua pesquisa e apresentá-la em eventos do Brasil e, também, no exterior.

O que diria para um aluno: Aos que querem ingressar na área da Educação, ela diria que é preciso se atentar ao curso de licenciatura que realmente deseja cursar, aproveitar as oportunidades que o mundo acadêmico-científico oferece – como cursar com interesse as diferentes disciplinas da matriz curricular, quando possível, participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) ou de outros tantos programas que a UFSC oportuniza e participar de um grupo de pesquisa. 

Um breve panorama: Em termos de pesquisa, Márcia diz que a UFSC tem um bom envolvimento e inserção social na sua área de especialização, formação de professores e práticas de ensino (Didática), sendo muito reconhecida quando se trata de produção do conhecimento na área de educação. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas: Formação de Professores e Práticas de Ensino – FOPPE, que integra quase 30 pesquisadores/pesquisadoras das diferentes redes de ensino (municipal, estadual, federal e privada), além de estudantes da graduação, de iniciação científica, do mestrado e do doutorado. 

Concepção e entrevista: Eduardo Vargas
Redação: Carlos Venâncio