Elas na Ciência – Leila Christina Dias

18/03/2021 07:00

Dia 11 de fevereiro é o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Pensando nisso e participando da agenda oficial da UFSC, a Pró-reitoria de Pesquisa da UFSC elaborou uma série descontraída, em formato de minientrevista com cinco perguntas. A intenção da série é prestigiar o trabalho das pesquisadoras e a importância de tê-las em nossa universidade.

‘Elas na Ciência’ traz um pouco das pesquisas, da perspectiva e dos conselhos que as cientistas têm para dar àquelas jovens mulheres que almejam ingressar no mundo científico.

A nona pesquisadora é Leila Christina Dias, do departamento de Geociências da UFSC.

 

Leila Christina Dias

 

Confira a minientrevista:

  • Por que decidiu atuar nessa área?

“Nos cursos ginasial e clássico (atual ensino médio) tive excelentes professores de Geografia. O contato com a pesquisa desde os primeiros anos da graduação na UFRJ, quando fui bolsista de Iniciação Científica sob orientação da professora Bertha Becker, foi decisivo no meu interesse pela área de Geografia Humana, abrindo caminhos que percorri nos anos seguintes e que percorro ainda hoje.”

 

  • Quais pesquisas está desenvolvendo?

“Minha trajetória de pesquisa vem sendo marcada pela ideia de rede. As redes não têm sido as mesmas, e nem o sentido que lhes atribuo permaneceu inalterado ao longo do tempo. Desde os anos 2000, interessei-me pelo conteúdo desse conceito, por seus sentidos e usos. No projeto em curso investigo os espaços e as redes nos quais as finanças contemporâneas se organizam para compreender a crescente complexidade da geografia das finanças e dos grupos econômicos no Brasil, à luz da inserção do país no processo mais amplo de mudança do sistema financeiro internacional. O fabuloso documentário canadense The Price We Pay, baseado no livro de Brigitte Alepin – La Crise fiscale qui vient (2010) – mostra a história e a realidade atual da evasão fiscal de grandes multinacionais, que privam os Estados Nacionais de trilhões de dólares em receita tributária de lucros drenada para paraísos fiscais, onde permanecem retidos. Esse fenômeno impacta brutalmente países e populações pela drenagem de recursos necessários aos investimentos em saúde e educação, em políticas sociais de médio e longo prazo, comprometidas pela predominância de agentes especializados em investimento em ativos de alta liquidez que operam num horizonte de curto prazo.”

 

  • Já sofreu machismo em seu campo de atuação?

“Sim, a cultura machista está presente em todos os âmbitos da sociedade. Vivi e presenciei cenas de comportamento machista em meus tempos de graduação e de mestrado no Brasil, e de doutorado na França. Não há dúvida de que a busca pela equidade de gênero vem se consolidando nas últimas décadas, mas os desafios permanecem gigantescos na realidade que nos cerca, na Academia e fora dela.”

 

  • Para você, qual a importância de ser uma mulher que produz ciência?

“As estatísticas no país mostram o crescimento da participação feminina na Iniciação Científica, no mestrado e no doutorado. Pesquisadoras reconhecidas em seus campos de conhecimento sempre inspiraram jovens alunas. Mais do que nunca, é preciso que os espaços de produção de discursos cientificamente informados e críticos sejam plurais e representem a diversidade de vozes atuantes na sociedade.”

 

  • O que diria para uma jovem que almeja ingressar na pós-graduação?

“Vá em frente! É muito estimulante o envolvimento com a pesquisa na pós-graduação, quando aprendemos a conviver com dúvidas, hesitações e incertezas. A pesquisa é, continuamente, um caminhar na direção de melhor conhecimento sobre a realidade que nos cerca, onde curiosidade, dedicação, ética e rigor são nossos melhores aliados.”

 

Programação tem identidade visual da Coordenadoria de Design e Programação Visual/Agecom.

Apoiar a ciência produzida pelas mulheres é apoiar a diversidade!

 

Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC

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