Pensamento Coletivo – Matéria 6 – Área “Ciências Exatas e da Terra”/ CNPq

04/05/2021 07:00

A Pró-reitoria de Pesquisa apresenta a série “Pensamento Coletivo”. A intenção é divulgar quais estudos estão sendo realizados por alguns grupos de pesquisa da UFSC e suas especificidades. A série será composta por nove matérias, divididas pelas áreas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mesclam os centros/campus da universidade.

 A sexta matéria apresenta dois grupos de pesquisa da UFSC pertencentes à área “Ciências Exatas e da Terra” do CNPq.

Formado em 2015, o grupo “Group for Interdisciplinary Environmental Studies (IpES)” estuda as ciências da terra. Ele está localizado no Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) da UFSC e é liderado por Marina Hirota. O grupo é composto por 4 pesquisadores e 4 estudantes. Suas linhas de pesquisa são: natural disasters and climatic extremes (desastres naturais e extremos climáticos) e towards an understanding of tipping points within tropical South America biomes (entendimento dos tipping points nos biomas tropicais da América do Sul). 

A equipe é dividida em dois subgrupos, um deles estuda desastres naturais causados por eventos extremos, especialmente em Santa Catarina. O outro subgrupo – que está mais ativo – estuda a resiliência de ecossistemas terrestres tropicais, focando na quantificação e  na capacidade do sistema em persistir, especialmente considerando a parte tropical da América do Sul.

Segundo Marina, as pesquisas em andamento são capazes de impulsionar políticas públicas de conservação dos ecossistemas. “Utilizamos a palavra resiliência através de um arcabouço matemático, que está relacionado com os tipping points – pontos de não retorno do sistema”. A pesquisadora conta que essa ciência pode ser de base e capaz de identificar mecanismos que levam ecossistemas ao colapso. Os estudos sugerem medidas de adaptação e mitigação aos desastres naturais, ligados ou não a mudanças climáticas. “Tempestades severas, eventos de alagamentos, como o grupo observa no sul de Santa Catarina. Isso também pode ser abordado na parte de resiliência, porém, especificamente no âmbito sócio-ecológico, envolvendo as populações dentro do sistema” – complementa.

A equipe participa da rede de pesquisa “Rede Clima” e tem como instituições parceiras: a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o Departamento de Ciência da Computação, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e a Wageningen University – localizada nos Países Baixos -, entre outras.

Os trabalhos mais prestigiados são da área de resiliência de ecossistemas tropicais, terrestres, da vegetação e da flora. O grupo tem produzido trabalhos relacionados à mostra da influência da heterogeneidade na biodiversidade, que, em seguida, afeta a resiliência dos ecossistemas – pensando em condições de chuva, de nutrientes no solo e de geologia. “As condições modulam o tipo de vegetação que você tem. Por exemplo, como uma floresta pode ser diversa e não apenas um tapete verde, de forma igual. Embaixo da copa ela pode ser diferente, em funcionamento e composição” – diz Marina. Segundo a pesquisadora, o ciclo é o seguinte: se há muito desmatamento em um lugar, terá um impacto na quantidade de chuva direcionada para esse lugar. “Você fecha um ciclo, que é o de condições, e abre o ciclo da biodiversidade. Em seguida, vem o ciclo da resiliência. Depois, o ciclo de condições novamente e, por fim, o ciclo da biodiversidade”.

Saiba mais em Group for Interdisciplinary Environmental Studies – IpES

 

Denominado “Laboratório de Química de Produtos Naturais”, o segundo grupo – formado em 2020 – tem como líder o pesquisador Louis Pergaud Sandjo. Suas linhas de pesquisa são: química de produtos naturais e síntese de compostos de interesse farmacológico. A equipe é formada por 2 pesquisadores, 4 estudantes e 1 colaborador estrangeiro e está localizada no Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), da UFSC. 

O grupo participa da rede de pesquisa “ResNet” e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) são suas instituições parceiras. Quatro estudos estão sendo desenvolvidos pelo grupo: “Busca e identificação de  novos fármacos com potenciais propriedades biológicas a partir de plantas medicinais e plantas comestíveis”, “Desenvolvimento de fármacos biologicamente ativos por síntese, semissíntese e biotransformação”, “Exploração de propriedades antiparasitárias, anti-inflamatórias e inibidoras da proteína principal Mpro do SARS-CoV-2” e “Caracterização química de matrizes orgânicas e fluídos biológicos”. “A intenção é fornecer às comunidades científicas do meio acadêmico e industrial novas soluções e alternativas terapêuticas que possam servir para o desenvolvimento de novos medicamentos” – diz Louis, sobre os três primeiros estudos. Ele relata que, quando realizadas de maneira contínua, essas pesquisas trazem alternativas aos problemas de resistência aos medicamentos ou efeitos colaterais graves associados a um tratamento.

Juntamente com outros grupos de pesquisa, a equipe está participando de um projeto que trata da procura – em plantas comestíveis – de substâncias que podem inibir uma das proteínas do ciclo de vida da SARS-CoV-2. O pesquisador cita um estudo anterior, onde foi possível identificar um elemento que hoje está sendo utilizado como pesticida na agricultura, o ciclodepsipeptídeo.

O trabalho “Search for Antimicrobial Activity Among Fifty-Two Natural and Synthetic Compounds Identifies Anthraquinone and Polyacetylene Classes That Inhibit Mycobacterium tuberculosis, publicado na revista Frontiers in Microbiology, em janeiro de 2021, é um dos estudos mais recentes e prestigiados do grupo.

Saiba mais em Laboratório de Química de Produtos Naturais

 

Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC

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