Pensamento Coletivo – Matéria 7 – Área “Ciências Humanas”/ CNPq

11/05/2021 07:00

A Pró-reitoria de Pesquisa apresenta a série “Pensamento Coletivo”. A intenção é divulgar quais estudos estão sendo realizados por alguns grupos de pesquisa da UFSC e suas especificidades. A série será composta por nove matérias, divididas pelas áreas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mesclam os centros/campus da universidade.

A sétima matéria apresenta três grupos de pesquisa da UFSC pertencentes à área “Ciências Humanas” do CNPq.

Criado em 1994, o grupo de pesquisa “Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Geografia” está integrado a dois centros: o Centro de Ciências da Educação (CED) e o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), ambos da UFSC. Atualmente, a equipe é composta por 14 pesquisadores, 8 estudantes e 1 colaborador estrangeiro. Suas linhas de pesquisa são: ensino de geografia e América Latina e geografia em processos educativos. 

O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), do campus de São José, a Universidade de Buenos Aires, na Argentina, e a Universidade de Lisboa, em Portugal, são algumas das instituições parceiras. Aloysio Marthins de Araujo Junior é o líder do grupo de pesquisa. 

Atualmente, quatro pesquisas estão sendo desenvolvidas pela equipe: “Concentração empresarial no setor educacional em Santa Catarina: análise sobre a formação docente e os processos de ensino-aprendizagem”, cujo objetivo é interpretar questões relativas à formação de professores de geografia e as repercussões na escola básica; “O perfil discente do Curso de Geografia da UFSC”, que tem a intenção de caracterizar do ponto de vista social e econômico os estudantes do curso de geografia, assim como a preferência pela licenciatura ou bacharelado; “Geografia da saúde e Educação geográfica”,  com o objetivo de refletir sobre limites e possibilidades da inserção de temas relacionados à saúde sob a perspectiva geográfica nas escolas de educação básica; e por último, “Cartografia-histórica da África: Recursos didáticos, disseminação e formação docente para educação afro-brasileira e africana”, que busca produzir e fornecer recursos didáticos que contribuam para a abordagem geográfica da educação afro-brasileira e africana. Segundo Kalina Salaib Springer, pesquisadora e membro do grupo, esses estudos buscam trazer a reflexão sobre os processos de formação de professores de geografia e os processos de ensino e aprendizagem, voltados à educação geográfica. “Além de desenvolver propostas inovadoras à educação escolar geográfica, perpassando temas como racismo, antirracismo, saúde, sexualidade e educação inclusiva” – complementa.

Abaixo, dois dos livros mais prestigiados do grupo:

ARAUJO JUNIOR, Aloysio Marthins de; FERRETTI, Orlando (org.). Temas e experiências em educação geográfica. Florianópolis: Edições do Bosque/UFSC, 2018. p. 13-44. ISBN: 978-85-60501-33-5. 

ARAUJO JUNIOR, Aloysio Marthins de; FERRETTI, Orlando E. (org.). Geografia e Ensino: abordagens conceituais e temáticas. São Paulo: All Print, 2011. 228 p. ISBN: 978-85-7718-774-4. (Esgotado)

Além dos livros, o grupo também considera a organização do evento “Seminário de Licenciatura em Geografia: abordagens múltiplas” (SELIGeo), como um trabalho de grande prestígio.

Saiba mais em Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Geografia

 

O segundo grupo é denominado “Ensino e Formação de Educadores em Santa Catarina”. Ele foi criado em 1997 e está localizado no Centro de Ciências da Educação (CED) da UFSC. O grupo conta com 27 pesquisadores e 6 estudantes. Suas linhas de pesquisa são: democratização da educação, memória docente e justiça escolar, sociologia e história da educação, entre outras. Ione Ribeiro Valle é a líder do grupo de pesquisa e coordenadora do Laboratório de Pesquisas Sociológicas Pierre Bourdieu (LAPSB), que está vinculado à equipe.

A Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) são algumas das suas instituições parceiras. Atualmente, a equipe desenvolve um projeto matriz que abriga todas as pesquisas desenvolvidas. O projeto é intitulado “Educação escolar e justiça social: figuras das (in)justiças e das desigualdades escolares em Santa Catarina”. “As pesquisas desenvolvidas pelo grupo e pelo LAPSB são de cunho sociológico, embora apresentem um caráter multidisciplinar, ou seja, estabelecem diálogos com a história da educação e a filosofia política” – diz Ione.

A pesquisadora conta que a temática central dos estudos são as desigualdades escolares em suas múltiplas dimensões. “No contexto pandêmico atual, nossos estudos têm procurado abranger as desigualdades escolares no seu entrecruzamento com as desigualdades sociais. Interessa-nos compreender a diversificação e aprofundamento das desigualdades, assim como sua multiplicação” – complementa.

Os trabalhos são desenvolvidos em diferentes níveis e já foram publicados em diversas revistas científicas. Ione também destaca que os membros do grupo e do laboratório têm realizado traduções de livros e artigos de autores clássicos e contemporâneos.

Saiba mais em Grupo de Pesquisa Ensino e Formação de Educadores em Santa Catarina

 

Cultura e Relações Sociais” é o nome do terceiro grupo. Fundado em 1996, ele está localizado no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), da UFSC. Suas linhas de pesquisa são: gênero e suas inter-relações com geração, etnia e classe e histórias entrecruzadas de subjetividades, gênero e poder. Joana Maria Pedro é a líder do grupo de pesquisa, que conta com 11 pesquisadores e 44 estudantes.

Segundo Joana, duas questões de pesquisa unem o grupo: em primeiro, as questões de gênero, de feminismos, de história das mulheres e de sexualidades; em segundo, as questões das religiosidades e das instituições religiosas. Ela relata que algumas pesquisas articulam as duas questões.

Entre algumas das pesquisas desenvolvidas pelo grupo, estão:
“A umbanda e a ressemantização mágica dos bens simbólicos espíritas”, iniciado em 2017; “Mulheres na política em tempos de ditadura: Gênero, Feminismos e Emoções (Cone Sul – 1970-1989)”, iniciado em 2018; “Teorias descoloniais e interseccionalidades, contribuições para a historiografia e para o ensino de história? terceira etapa”, iniciado em 2020 e  “Os silêncios do discurso: Gênero e sexualidade dissidentes (LGBTQI+) na imprensa de Maceió (AL), na década de 1980”, também iniciado em 2020. “Essas pesquisas focam em questões que são temas de debates acalorados nos dias atuais: gênero e religião” – relata Joana. A pesquisadora diz que a abordagem desses estudos visa a inclusão das pessoas, percebe a experiência de viver a discriminação e o preconceito e a invisibilidade de certas vivências. “Aponta para a possibilidade de criação de políticas públicas que garantam uma vida mais digna”.

No trabalho com a história das mulheres, das relações de gênero, das sexualidades e do feminismo, o grupo dá historicidade a tensões políticas e observa os seguintes temas: as exclusões, as lutas cotidianas por respeito e cidadania e por políticas públicas que contemplem as mulheres, o combate à violência de gênero e pelos direitos humanos. Já no trabalho com religiosidades e instituições religiosas, a equipe aponta a forma como as pessoas lidam com o sagrado e os significados do respeito às vivências religiosas como qualidade de vida.

Dois trabalhos do grupo são considerados de muito prestígio. O mais antigo, que resultou em dois livros, está relacionado com pesquisas que focalizavam “Gênero, feminismos e ditaduras no Cone Sul” – o primeiro livro foi publicado em 2010 e possui o mesmo nome. O segundo livro chama-se “Resistências, gênero e feminismos contra as ditaduras no Cone Sul” e foi publicado em 2011. Joana cita a preparação de mais dois livros e que, possivelmente, serão publicados ainda este ano. Uma das obras trata das memórias de mulheres dos países do Cone Sul, a outra, sobre as políticas da emoção e do gênero na resistência às ditaduras nesses países. 

O trabalho mais atual é intitulado “Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985)”. Iniciado em 2016 e concluído em 2019, ele foi coordenado pela professora Cristina Scheibe Wolff e financiado pelo “Edital Memórias Brasileiras: Conflitos Sociais da CAPES”. O projeto uniu pesquisadoras de diferentes lugares do Brasil e do exterior e deu origem a livros, artigos, teses, dissertações e um webdocumentário.

 

Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC

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