Pensamento Coletivo – Matéria 8 – Área “Ciências Sociais Aplicadas”/ CNPq

18/05/2021 07:00

A Pró-reitoria de Pesquisa apresenta a série “Pensamento Coletivo”. A intenção é divulgar quais estudos estão sendo realizados por alguns grupos de pesquisa da UFSC e suas especificidades. A série será composta por nove matérias, divididas pelas áreas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que mesclam os centros/campus da universidade.

A oitava matéria apresenta três grupos de pesquisa da UFSC pertencentes à área “Ciências Sociais Aplicadas” do CNPq.O primeiro grupo é o “Núcleo de Estudos em Economia Feminista”. Ele foi criado em 2020 e está localizado no Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC. Suas linhas de pesquisa são: gênero e economia política internacional, gênero e políticas públicas, história do pensamento econômico das mulheres, entre outras. Brena Paula Magno Fernandez é a líder do grupo de pesquisa. A equipe é formada por quatro pesquisadoras e nove voluntárias e participa da rede de pesquisa International Association for Feminist Economics.

O grupo desenvolve pesquisas à nível de graduação e pós graduação na área da economia feminista, das críticas feministas às teorias econômicas tradicionais, da interface entre gênero e economia, da divisão sexual do trabalho e dos cuidados e responsabilidades. Na linha de pesquisa “gênero e economia política internacional”, as pesquisadoras têm a intenção de estudar temas relacionados aos efeitos da divisão dos papéis de gênero na economia produtiva capitalista, na agenda da globalização e das migrações internacionais, no meio ambiente, além do papel das mulheres nas cadeias globais de produção, dentre outros. Em “gênero e políticas públicas”, o objetivo é aprofundar o debate sobre a incorporação da perspectiva de gênero nas políticas públicas nacionais, regionais e locais e as consequências sociais dessa articulação, seus avanços e retrocessos. Já em “história do pensamento econômico”, a intenção é explorar as contribuições das mulheres para a análise econômica, seus métodos, debates e propostas políticas. Brena relata que, questões que “envolvem problemas específicos relacionados às mulheres, à sua posição subordinada no mercado de trabalho, ao trabalho invisível e à dupla jornada a que são submetidas estão na ordem do dia da agenda política mundial”. O foco do grupo é colocar em evidência essas questões – através de um instrumental teórico-analítico, a abordagem presente na economia feminista, segundo Brena.

O trabalho de maior visibilidade do grupo é o artigo “Economia feminista: metodologias, problemas de pesquisa e propostas teóricas em prol da igualdade de gêneros“. Publicado na Revista de Economia Política, o artigo recebeu destaque em uma matéria do jornal Valor Econômico em janeiro deste ano. 

A equipe tem participado de conferências, simpósios temáticos e encontros. Uma das próximas atividades será a organização de uma mesa sobre economia feminista no “Seminário Internacional Fazendo Gênero”, em julho.

Saiba mais em Núcleo de Estudos em Economia Feminista

O segundo grupo é o “Grupo de Estudos em Direito e Religião”. Ele está localizado no Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC e foi fundado em 2019. Suas linhas de pesquisa são: conhecimento crítico, historicidade, subjetividade e multiculturalismo. Caetano Dias Correa é o líder do grupo de pesquisa, que conta com 5 pesquisadores e 2 estudantes.

A equipe está desenvolvendo três estudos: “Leituras do Federalismo no Século XIX: o covenant, a construção do sistema federal, sua adaptação no território brasileiro e as consequências no âmbito tributário”, “O Percurso Histórico da Laicização do Estado Brasileiro: Laicidade e Teologia Cristã nos Delineamentos da Ordem Constitucional de 1891” e “Delineamentos e Experiências da Laicidade no Ordenamento Constitucional Brasileiro de 1988”. “As pesquisas buscam perceber, a partir do ponto de vista da história do direito, o componente religioso do ordenamento jurídico brasileiro e suas experiências de secularização, a fim de entender de maneira mais aprofundada o status atual das relações entre direito e religião, entre igreja e estado” – diz Caetano. Segundo o pesquisador, esses estudos tornam-se relevantes quando se percebe, na conjuntura sociopolítica atual, uma ampliação da evocação de valores religiosos no campo político e um fortalecimento dos movimentos de fé na dinâmica das relações sociais.

Alguns membros da equipe – incluindo Caetano – publicaram capítulos em um livro organizado por ele antes da criação do grupo. A coletânea é intitulada “Direito e Religião: Estudos Iniciais“.

 

O terceiro grupo de pesquisa é o Núcleo de Estudos de Economia Catarinense – NECAT-UFSC. O grupo foi criado em 2012 e está localizado no Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC. É liderado pelo professor Lauro Francisco Mattei e, atualmente, é composto por 11 pesquisadores e 4 alunos. 

O NECAT tem como linhas de pesquisa: Demografia e evolução de indicadores socioeconômicos, Dinâmica do mercado de trabalho e políticas públicas na área social, Dinâmicas produtivas setoriais internas e inserção externa da economia catarinense, Estado e Descentralização Político-Administrativa, Formação econômica e regionalização produtiva, Impactos da pandemia da Covid-19 em Santa Catarina. 

Atualmente, o grupo de pesquisa atua em dois grandes projetos. Um projeto “guarda-chuva”, iniciado em março de 2020, com previsão de se estender até dezembro de 2022, denominado Análise dos impactos econômicos e sociais causados pelo novo coronavírus em Santa Catarina. O objetivo geral é fazer um acompanhamento dos efeitos socioeconômicos da Covid-19 em Santa Catarina, destacando-se algumas áreas prioritárias contempladas por diversos subprojetos. Os subprojetos decorrentes são: a) Análise dos impactos da COVID-19 sobre as atividades econômicas catarinenses – com o objetivo de analisar o comportamento da economia catarinense no âmbito macroeconômico, procurando captar possíveis reflexos da pandemia no conjunto do país sobre o funcionamento da economia catarinense; b) Análise dos impactos da COVID-19 sobre o mercado de trabalho em Santa Catarina – que analisa os impactos específicos sobre o mercado de trabalho de Santa Catarina; c) Análise dos impactos da Covid-19 sobre o Setor Público de Santa Catarina – faz um acompanhamento particular das ações do governo estadual durante a pandemia no sentido de captar as prioridades definidas pelo poder executivo estadual diante do cenário de crise decorrente da pandemia da Covid-19; e d) Análise da evolução da Covid-19 em Santa Catarina – realiza um acompanhamento rigoroso da evolução da Covid-19 no estado, destacando-se as análises dos principais indicadores recomendados pela literatura específica. Esse projeto está desde 2020 atuando de forma marcante nas mídias de Santa Catarina, pontuando com frequência o cenário da pandemia. 

O segundo projeto é Análise da Dinâmica e da Evolução do Mercado de Trabalho no Estado de Santa Catarina entre 2001 e 2021, que, como cita o professor Mattei, “dá continuidade a uma linha de pesquisa que está em curso há mais de 10 anos no NECAT, cujas informações vêm sendo sequencialmente atualizadas de acordo com os dados disponibilizados pelos distintos órgãos governamentais”. O projeto analisa o mercado de trabalho catarinense, sua dinâmica e evolução e dá “continuidade às análises agregadas sobre o conjunto do mercado de trabalho estadual, bem como sobre o comportamento específico do mercado formal de trabalho no mesmo período”. A pesquisa está em andamento e tem como ações futuras, dentre outras, caracterizar a evolução atual da estrutura ocupacional em termos da população em idade ativa; do grau de utilização da força de trabalho; da participação dos diferentes setores de atividade econômica na geração global de emprego; além da distribuição dos ocupados por posição na ocupação e categoria do emprego. Segundo o professor Mattei, “A pesquisa ainda buscará aprofundar o comportamento do mercado formal de trabalho catarinense, estudando sua evolução nesses mesmos parâmetros, mas incluindo uma análise de sua distribuição segundo as mesorregiões geográficas do estado, bem como de indicadores que condicionam o comportamento do mercado de trabalho, como os relativos à estrutura etária, ao nível de renda e à jornada média de trabalho”.

O líder do grupo relata que, ao longo dos últimos 10 anos, o NECAT-UFSC vem desenvolvendo estudos e pesquisas sobre a evolução e a dinâmica da economia catarinense, bem como organizando debates sobre temas de interesse do desenvolvimento socioeconômico de Santa Catarina. Essas atividades lhe credenciaram como um dos principais núcleos de estudos relativos à temática do desenvolvimento catarinense.

Com a chegada da pandemia no início de 2020, rapidamente o grupo redimensionou seus trabalhos, ao perceber que a pandemia atual provocaria grandes impactos no Brasil e, particularmente, em Santa Catarina. Assim, inauguraram diversas linhas de estudos nas perspectivas de analisar e acompanhar os principais impactos econômicos e sociais da pandemia no estado, bem como acompanhar, por meio de um Boletim Necat semanal, a evolução da Covid-19 em SC. Na última semana de abril/2021, publicaram o Boletim número 51, que virou referência no estado, inclusive sendo elogiada por vários estudiosos do assunto no país. Recentemente os trabalhos do NECAT tiveram seu reconhecimento por parte da ALESC, que aprovou uma menção de reconhecimento ao trabalho desenvolvido durante a pandemia. Esse reconhecimento também está sendo manifestado pelas mais variadas instituições acadêmicas de SC. O professor Mattei relata que “É justamente isso que nos anima a continuar nossa caminhada”.

O trabalho de maior prestígio do grupo de pesquisa, de acordo com o líder, contempla “Boletins Semanais de acompanhamento da Covid-19 no estado, tamanha a demanda de participação da equipe nos debates sobre o assunto”. Mas destaca também os trabalhos de acompanhamento da socioeconomia catarinense ao longo do tempo, especialmente os estudos realizados sobre os temas do emprego e do desemprego em Santa Catarina.

O NECAT publica os boletins sobre a COVID-19 em site próprio, que os catarinenses podem acessar para informar-se sobre as análises do cenário da pandemia no estado. Assim como, mantém uma página com os estudos dos impactos da COVID-19 em SC.

Saiba mais em Núcleo de Estudos de Economia Catarinense.

 

 

Carlos Venâncio
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC

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