EMBRAPII credencia POLO para desenvolver projetos de inovação

08/09/2014 11:49
O POLO, Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da UFSC acaba de ser credenciado pela EMBRAPII para desenvolver projetos de inovação. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

O POLO, Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da UFSC acaba de ser credenciado pela EMBRAPII para desenvolver projetos de inovação. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

O Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica da Universidade Federal de Santa Catarina (POLO/UFSC) acaba de ser credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) para desenvolver projetos de inovação com a iniciativa privada. O POLO receberá recursos da EMBRAPII para realizar, em conjunto com o setor produtivo, projetos inovadores para produtos e processos de produção. A proposta submetida prevê o repasse de R$ 30.220.629,84 para aplicação em projetos e inovação nos próximos seis anos. O total exato dos recursos que serão repassados ainda depende de uma discussão final com a EMBRAPII.

A empresa acaba de aprovar o credenciamento de dez instituições, com um investimento total de R$ 1,4 bilhão, com um terço, ou seja, R$ 449,6 milhões aportados pela EMBRAPII. O restante do valor virá das empresas e dos centros de pesquisa credenciados, como o POLO, que entrará com a sua estrutura e pessoal. O contrato com a EMBRAPII tem prazo de seis anos para o atingimento das metas estabelecidas. Caso sejam atingidas antes desse prazo, um novo contrato poderá ser firmado. Cabe aos centros de pesquisa prestar contas e anualmente serem avaliados quanto ao cumprimento dos objetivos de contrato.

Além do POLO, foram credenciados o Centro de Engenharia Elétrica e Informática da Universidade Federal de Campina Grande (CEEI/UFCG); o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM); a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LAMEF/UFRGS); a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI); a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD); o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ); o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC); o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); e o Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros.

Atuar em pesquisa com aplicação da tecnologia no setor produtivo já faz parte da atuação do POLO há mais de 30 anos. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

Atuar em pesquisa com aplicação da tecnologia no setor produtivo já faz parte da atuação do POLO há mais de 30 anos. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

A reitora Roselane Neckel comemorou a notícia. “Esse credenciamento é de grande importância para a UFSC, que, com isso, está inserida em um projeto estratégico do Governo Federal, essencial para o cumprimento da política de ciência e tecnologia do País. A nossa contribuição, com as nossas competências e estruturas desenvolvidas aqui, é extremamente relevante e nos deixa muito satisfeitos. Acredito que será fundamental para Santa Catarina porque gera respaldo e reconhecimento para a Universidade e alavanca a base tecnológica da indústria nacional e regional”, avalia a reitora.

O POLO foi selecionado entre 87 centros de pesquisa de instituições de todo o País que passaram para a última fase de avaliação. Dentre os critérios para a escolha do laboratório, estava ter contratado, nos últimos três anos, um valor médio de R$ 12 milhões em projetos em parceria com empresas. Entre as dez instituições certificadas, apenas outras três universidades além da UFSC foram selecionadas pela EMBRAPII, que contou com a consultoria internacional do Instituto Fraunhofer da Alemanha.

Destaque em pesquisa, desenvolvimento e inovação

Fundado em 1982, o POLO destaca-se na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias em refrigeração. Um de seus fundadores, responsável pelo projeto selecionado pela EMBRAPII, o professor Cláudio Melo, explica que as exigências do edital eram muito próximas ao que o laboratório já vem fazendo há décadas. “O que o edital pediu nós já fazemos há mais de 30 anos. Eles querem centros de pesquisa que façam tecnologia, inovação e que trabalhem com empresas, e isso é o que fazemos por natureza. Todos os projetos em andamento no laboratório são em parceria com a iniciativa privada”, explica o professor Melo.

A estrutura atual do POLO precisará crescer para que o credenciamento com a EMBRAPII seja mantido. Essa é uma das condições previstas no contrato. Melo acredita que muita coisa tenha que ser mudada no POLO para atender aos objetivos da EMBRAPII, mas a principal será a contratação de mão de obra, principalmente de pesquisadores. “Hoje nós não temos capacidade de responder a todas as solicitações que chegam. Por isso, com esse credenciamento, esperamos montar uma força de trabalho maior, e temos convicção que vamos aumentar de tamanho e de volume de projetos”, ressalta Melo.

“É uma distinção muito grande para o POLO, para o Departamento de Engenharia Mecânica, para a Universidade. Somos uma célula de excelência da EMBRAPII, dentre poucas no Brasil, e isso vai gerar um potencial grande para melhorarmos a nossa estrutura e independência. Espero que os parceiros cresçam em termos de recursos e que outros parceiros venham. Vamos ganhar exposição e captar projetos. Vai ser nossa obrigação crescer para continuar como unidade credenciada”, salienta o professor. O laboratório deverá atuar principalmente no desenvolvimento de soluções avançadas para a redução do consumo de energia e a utilização de fluidos refrigerantes de baixo impacto ambiental.

O POLO hoje atua em parceria com diversas empresas brasileiras e estrangeiras. Os dois maiores parceiros são a Whirlpool, uma das maiores fabricantes mundiais de eletrodomésticos, e a EMBRACO, cuja principal atividade é a produção de compressores para aparelhos de refrigeração. O laboratório realiza pesquisas também na área de termofísica em cooperação com a PETROBRAS e a EMBRAER.

O professor Claudio Melo destaca o caráter pioneiro das parcerias do POLO, em especial com a EMBRACO. “A EMBRACO apoia, de maneira contínua, a atividade de pesquisa desde o início das nossas atividades, expondo a gente a problemas reais da indústria, que é uma de nossas características: estar muito ligados à aplicação da tecnologia”, salienta o professor.

A EMBRAPII credenciou dez novos centros de pesquisa e pretende investir R$ 449,6 milhões em projetos que serão também financiados por empresas privadas. (Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC)

Estratégia de Inovação

A EMBRAPII é uma organização social, vinculada e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC). A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (2012-2015) coloca a EMBRAPII como uma das iniciativas-chave para alavancar o desenvolvimento científico-tecnológico no País, em áreas estratégicas já delineadas pelo Governo Federal. O documento cita, como objetivos centrais da EMBRAPII, “fomentar projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, instituições tecnológicas ou instituições de direito privado sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores”.

O diretor do Departamento de Projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ), Elias Machado, ressalta que a estratégia da EMBRAPII é consolidar a estrutura já existente nos centros de pesquisa e inovação que atuam em parceria com empresas, repassando recursos para pesquisas capazes de contribuir com a atualização tecnológica da indústria. “Este é um novo modelo de contratação, bem diferente de como eram feitos os projetos de pesquisa convencionais. Existe a necessidade de apresentação de resultados concretos, que serão avaliados a cada ano para garantir a continuidade das atividades. O repasse dos recursos ao longo dos seis anos de contrato depende do cumprimento das metas. É um estímulo para a transferência de tecnologia para a sociedade”, salienta Machado. O diretor lembra ainda que a estratégia da EMBRAPII está intimamente ligada aos projetos de impulsionar a ciência e tecnologia nacionais. “O Brasil tem um grande gargalo, com a maioria das pesquisas desvinculadas da geração de inovação. Estamos entre os 12 países do mundo que mais publicam em revistas científicas indexadas. Só que no critério de inovação, o país ocupa a 64ª posição. Publicamos muito, mas inovamos pouco”, conclui Machado.

Reverter esse quadro de pouca inovação tecnológica e social é o grande desafio das políticas públicas de ciência e tecnologia e das instituições de pesquisa. O pró-reitor de Pesquisa, Jamil Assereuy, acredita que iniciativas como a EMBRAPII podem elevar os números de inovação no Brasil a médio e longo prazos. “O que se quer com a EMBRAPII é a transferência rápida de tecnologia para o setor produtivo. Esse é um esforço importante, mas o caminho é longo. Agora foram credenciados 10 centros de pesquisa e pretende-se credenciar, até o fim do ano, 23 instituições. Se cada um registrar 10 patentes ou 10 novos produtos, serão 230 produtos, o que é um primeiro passo em termos de entrada em mercados muito competitivos. Produzir algo totalmente novo, a inovação radical, só vai acontecer quando tivermos uma grande massa de pesquisadores trabalhando com inovação”, prevê Assereuy.

Mais informações:

Site da Embrapii
Site do POLO

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação